quarta-feira, 29 de agosto de 2012

The Lighthouse (O Farol): Po Chou Chi

Depois de muito, muito tempo as Tertúlias voltam a se dedicar à animação…

Acho que a última vez foi a « Ballerina on the boat », filme russo de 1969.
Agora veremos um filme taiwanes de 2011 com um tema bem mais universal…


„The Lighthouse“ (O Farol), filme que, em total, recebeu 19 premios internacionais…

Momentos de uma sensibilidade extrema, de uma delicadeza infinita, de uma nobreza d’alma incomparável, de pura poesia e de emoção que nos faz conter nossos olhos úmidos com muita bravura e dificuldade... para que não se transformem num riacho…


O curto filme é criação do jovem artista de animação taiwanes Po Chou Chi… que antes de realizar esta obra de suprema sensibilidade tormou-se pai.

Ele dedica este trabalho aos seus…


Um sincero obrigado a voce, Po Chou Chi.



Esta postagem é dedicada à querida amiga Kuka Zimmermann, que vive na Namíbia!

sábado, 25 de agosto de 2012

If ever I would leave you

Canções de amor... existem tantas... existem tantas tão lindas…


Uma das mais significativas para mim é “If ever I would leave you” do quase esquecido “Camelot” (1968) de Joshua Logan


O musical tinha sido lançado em 3 de dezembro de 1960 na Broadway e foi um imediato sucesso… Richard Burton como o Rei Arthur, Julie Andrews como sua esposa Guenevere e Robert Goulet como Lancelot, um cavaleiro da “Távola redonda” e secreto amante de Guenevere, foram as estrelas do primeiro “cast”.


Burton eternizou as canções de uma forma falada, quase recitativa (como Rex Harrison em “Lady”), com seu perfeito sotaque britanico e inigualável dicção, Andrews, fascinante, no seu segundo musical de Lerner & Loewe, (voces sabiam que Frederick Loewe era vienense?), se estabeleceu definitivamente (depois de “The boyfriend” e “My fair Lady”) como rainha da Broadway e o bonito e talentoso barítono Robert Goulet, que criou um “alvorosso” nos corações femininos da época. Ouçam ao que me refiro...



(Pena ter levado o resto de sua carreira como cantor de shows em Las Vegas, desenvolvendo vícios vocais muito “poulares” na época, também usados por “cantorzinhos” como Johny Matthis, Eddie Fischer e Jack Jones. Uma pena.).


A fama deste musical de Lerner & Loewe (“Gigi”, “My fair Lady”) foi eternizada quando John F. Kennedy declarou-o seu musical predileto… Muitos ainda acreditam no fato que Kennedy e sua política muito se basearam na lenda de “Camelot”, o estado perfeito, onde TUDO era perfeito…

Oito anos mais tarde, Josh Logan imortalizou o período do «casting» do filme quando pronunciou o seguinte pensamento: “Can you see two men and two armies going to war over Julie Andrews?” (Voce podem imaginar dois homens e duas armadas indo para a guerra por causa de Julie Andrews?”). Eu, apesar de ser louco por Miss Andrews tenho que dar-lhe absoluta razão…

Ele decidiu-se por Vanessa Redgrave, que vinha de uma discutida atuação como Isadora Duncan em “Isadora” e começava a criar uma carreira cinematográfica. Óbviamente o filme perdeu muito em termos musicais – Miss Redgrave que realmente não canta, canta seus próprios números no filme, não tendo sido dublada, como por exemplo Audrey Hepburn em “My fair Lady” – mas ganhou muito em termos dramáticos…


Gostaria de chamar particular atenção para a beleza de Redgrave – hoje em dia não pensamos mais nesta atriz como uma “beleza” mas sim… ela foi lindíssima… e se voces olharem para a envelhecida Redgrave de hoje em dia com outros olhos verão no rosto desta setentona (75), traços inigualáveis de beleza. Abaixo ela ao lado de Richard Harris (King Arthur).


Durante as filmagens de “Camelot” Redgrave e o (lindíssimo) Franco Nero se apaixonaram…


Na cerimonia do “Oscar” ela “chocou” Hollywood e o mundo por aparecer para o evento descalça, em companhia de seu amante (Nero) e grávida… Como os tempos mudaram…

Eles até hoje estão juntos.



Mas voltando ao tema da canção: é mais um destes textos que “formula” de uma forma positiva o que poderia ser negativo… sabem o que quero dizer? Um dia destes perguntei à uma amiga (que está com certos problemas de saúde) não como estava sua «doença» porém como andava sua “melhora”. Uma ligeira diferença… que nos faz pensar, agir de forma mais positiva !

Deixo-os aqui para saborear mais uma “lembrança”, mais uma tertúlia, com o seguinte pedido: Prestem bastante atenção aos “close-ups” finais quando Nero canta/dubla:

Oh, no! not in spring-time!
Summer, winter or fall!
No, never could I leave you at all!


Verão a beleza de Redgrave à qual me refiro. Muito mais do que belos traços.
Uma beleza definida por muito “interior”. Profundo interior (Aquela mesma coisa que sempre nos fez ver que Katharine Hepburn era linda).

Canções de amor... existem tantas... existem tantas tão lindas… como esta!
e....
"No, never I could leave you at all..."

sábado, 18 de agosto de 2012

"Sister"

Gostoso o caminho pelo qual a vida nos leva...

Sister, we're two of a kind...
So, Sister, I'm keeping my eyes on you...



Acontecimentos recentes me fazem voltar a totalmente acreditar que TUDO é possível na vida…

Numa idade em que já perdemos muitos amigos, eu me encontro numa posição muito privilegiada: cheio de amigos, fazendo novos, reencontrando outros... e como estou grato por isso!

Minha prima Mary está nesta lista: nos conhecemos, na realidade, há pouco tempo e desde então nossa amizade transformou-se num profundo carinho - dividindo tantas coisas em comum, tantos interesses, ela tornou-se para mim uma verdadeira irmã (aqui, ela de pé... e uma outra querida chamada Simone, irmã de toda uma vida!)


E nesta semana meu reecontro com minha querida, preciosa amiga (outra irmã) Cristina Martinelli, foi realmente “The icing on the cake” (no portugues seria “a cereja do bolo”?). Momento de profunda emoção… Indescritível!


Que grato estou a tudo isso, à vida.

Para minhas duas queridas uma canção que simboliza muito tudo isso para mim…
“Sister”… Principalmente por se tratar de "gratidão à vida".
Desejo às duas tudo, tudo de bom – que nossa amizade, que é eterna, nos leve à muitos encontros e bons momentos juntos!

E pensar que só há poucos dias atrás eu escrevia aqui :

Só a felicidade importa.
E como o próprio texto nos conta “When it comes to happiness I want my share”.
Sim, e para isto estar “de bem consigo mesmo”, ter uma consciencia limpa, estar cuidando com carinho das amizades, dos carinhos, das pessoas queridas, do mundo…
Estou muito feliz!


Gostoso o caminho pelo qual a vida nos leva…

Sister, we're two of a kind...
So, Sister, I'm keeping my eyes on you...




quarta-feira, 15 de agosto de 2012

I don't care... Mesmo...


„I don’t care“
(Não me importo) é uma cançãozinha que vim conheer através de um filminho (que amo) chamado “In the good old Summertime”.

Originalmente ela foi lançada por Eva Tanguay, artista de Vaudeville, em 1922.
Genialmente ela foi incorporada ao personagem de Judy Garland no filme acima mencionado.

Quase não resisto à tentação e coloco aqui o video com a gravação de Tanguay mas no último momento resolvi poupar voces desta tortura… Mas ele está no Youtube… quem tiver a curiosidade…

Mas o “pointe” é: Engraçado como músicas, textos (e muitas outras coisas) assumem um outro significado em nossas vidas com o passar dos anos.
Reouvir “I don’t care” um dia desses foi uma experiencia gostosa, divertida… e sábia.

Imaginem só: como uma simples musiquinha de um filminho que assistia na «Sessão das Duas» pode se transformar numa experiencia reveladora… é só estarmos abertos e sem preconceitos… sem idéias preconcebidas…


They say I'm crazy
Got no sense
But I don't care
They may or may not mean offense
But I don't care
You see, I'm sort of independent
I am my own superintendent
And my star is on the ascendent
That's why I don't care

I don't care, I don't care
What they may think of me
I'm happy-go-lucky, they say that I'm plucky
Contented and carefree
I don't care I don't care
If I do get a mean and stony stare
If I'm not successful
It won't be distressful
Cause I don't care


Descobrir “à estas alturas do campeonato” que tantas coisas não mais importam, me importam…
Pensem em "If I’m not successful, it won’t be distressful”... Que verdade!

Tantas coisas que um dia foram extremamente importantes já não mais são…
se falavam de mim, se me julgavam, se me colocavam “um rótulo”…
Engraçado como nada disso mais importa, me importa…

E isto é realmente refrescantemente positivo!


A girl should know her etiquette
Alas, alack
Propriety demands we walk a narrow track
When fellas used to blink at me
I'd freeze 'em and they'd shrink at me
But now when fellas wink at me
I wink at them right back!

I don't care I don't care
If people frown on me
Perhaps it's the lone way
But I go my own way
That's my philosophy
I don't care I don't care
if he's clerk or just a millionaire
There's no doubt about it,
I'll sing and I'll shout it
Cause I don't care


Só a felicidade importa.

E como o próprio texto nos conta “When it comes to happiness I want my share”.

Sim e para isto estar “de bem consigo mesmo”, ter uma consciencia limpa, estar cuidando com carinho das amizades, dos carinhos, das pessoas queridas, do mundo…


Oh, I don't care, I don't care
When it comes to happiness,
I want my share
Don't try to rearrange me
There's nothing can change me
'cause I don't care!


Sim... cuidando bem das pessoas queridas…

Nossa, como foi hoje fácil dizer o que eu queria...


P.S. Só uma palavrinha para a estrela desta postagem: Judy.
Nossa... que imenso talento numa pessoa de tão pouca estatura...

Talento que "urrava" mais do que o leão da Metro!

sábado, 11 de agosto de 2012

Lascia ch'io Pianga: Rinaldo, Händel.... e o fabuloso Philippe Jaroussky


Que texto...


...e que maravilha ouvi-lo interpretado por um contratenor e nao por um Mezzo-Soprano... assim ele foi escrito... it was meant to be like this!

Obrigado, Händel!

Lascia ch'io pianga
Mia cruda sorte
E che sospiri
La libertà.
E che sospiri
E che sospiri
La libertà.


Il duolo infranga
Queste ritorte
De'miei martiri
Sol per pietà.
De' miei martiri
Sol per pietà.


Ohhhh.......

Mesdames et Messieurs,
ici, Philippe Jaroussky!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Richard Cragun 05.10.1944 - 06.08.2012






Descanse, Querido Rick. Nós todos jamais te esqueceremos!


Rest, Dear Rick. We shall never forget you!









segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Uma Tertúlia muito pessoal... Minha mãe e sua paciencia...

Hoje uma tertúlia muito pessoal...


...até abrindo minha casa para voces!

Esta tertúlia é na realidade dedicada à minha querida mãe…


Uma das coisas que mais me fascina é a paciencia.

Lembram-se da expressão “Uma paciencia de Penélope”????


Ela que tecia um pano mortuário para seu sogro e o desmanchava toda noite para não ter que aceitar nenhum dos pretendentes à sua mão…
(já que ela disse que só se casaria de novo quando o acima citado pano estivesse pronto… ).
Ela estava certíssima que Ulysses um dia voltaria…

e voltou…

20 anos depois…


Eu sou uma pessoa extremamante impaciente.

Se alguma coisa demora muito tempo para ficar pronta perco logo a vontade de continuar.


Isto se reflete extremamente na minha vida…

nas minhas receitas prediletas, no meu gosto musical, nas minhas decisões…

Minha mãe é exatamente o contrário.

Ela tem o dom da paciencia, da delicadeza.


Isto, junto à outra coisa que “odeio” - trabalhos manuais… (fico de mal-humor se sei que tenho que costurar um botao… normalmente minhas camisas ficam “encostadas”, esperando que minha mae chegue do Brasil… ) me deixa completamente fascinado…


Seu trabalho, para ser concluído, necessita às vezes de anos…

Não é raro ela trabalhar num tapete, tecendo à vezes durante dois ou tres anos nele…

No inverno aqui uma delícia este contato com a lã, este calorzinho que ela provoca…
No verão do Rio bem menos agradável…



Acima, aqui exemplos do seu trabalho – são os dois presentes que tenho em minha casa.

Dois exemplos de sua paciencia, delicadeza e dedicação!

As flores, os animaizinhos…

Todo este carinho e delicadeza! E paciencia!

Nota: quando ela faz um erro... Meu Deus, desmancha tudo para fazer tudo de novo... tipo "Penélope" e eu sempre digo: "Deixe assim, quem vai notar? Um ponto...". E ela sempre repete: "Eu notarei!".



Obrigado querida, por voce ser assim – exatamente do jeito que é, levando muito sériamente a “Arte de saber viver”, esta Arte que significa estar de bem com a vida…

E aqui, neste "cantinho" da sala de jantar, as suas flores preferidas... lílias...

Uma forma de ter voce sempre por aqui, pertinho de mim!







sexta-feira, 3 de agosto de 2012

"Sooner or Later": a maravilhosa canção de Sondheim na qual Madonna "perdeu a ponte"

Todos que me conhecem, ou que conhecem « As Tertúlias », sabem que tenho um "certo fraco" para um pouco de «Glamour» - até quando este beira uma certa vulgaridade.


No caso de segundo vídeo abaixo, estamos confrontados "again" com mais um destes eternos casos de vulgaridade «nata e cronica»: Madonna.

Em 1991, acompanhada de Michael Jackson, Madonna foi à cerimonia do « Oscar » para promover «Dick Tracy» (um filme de pouco sucesso na época) cantando «Sooner or Later» (que tinha sido indicada para uma estatueta) e celebrando ao mesmo tempo o final de seu love-affair com Warren Beatty.
No filme acima mencionado ela canta uma eterna canção de Stephen Sondheim que foi composta especialmente para o filme – para quem não o conhece, Steve é um dos maiores compositores que a Broadway já teve ou terá.


Fui, em parte, apresentado ao trabalho de Sondheim pela “danadinha” Bernadette Peters que, introduzindo uma certa vez “Sooner or later” num show, disse:

“And in the movie, this song was sung by a blonde-bombshell… not me… although we have both religious names…” (Adoro!)


Não resisto a colocar aqui a maravilhosa voz de Peters (aqui já bem mais do que uma mera "cinquentona"... incrível! E cantando deitada... pobre diafragma... dá-lhe técnica!) dando a melhor interpretação vocal que “Sooner or Later” já teve… (p.s. Como este vestido "aguentou" e não causou o "Faux-pas" que uma vez se passou à Renata Fronzi? Conhecem este fato?????)



Mesmo que vocalmente muito inferior à interpretação de Peters, quero, por um motivo especial, que voces presenciem uma noite do “Oscar” que vi “ao vivo” (Digo “ao vivo” pois na Austria o Oscar é ainda apresentado ao vivo… e com a grande diferença de horário da California para cá somos obrigados a “virar a noite”…). Em 1991 e em outros anos, “virei” esta, com vários amigos, celebrando o Cinema com Martini-Cocktails… Hoje em dia prefiro celebrar meu sono e ver o “apanhado geral de 45 Minutos” no próximo dia…
Coisas da "maturidade"...


Mas, trocando em miúdos, Madonna realmente perdeu a ponte em “Sooner or Later”!

Para alguns de voces, mais familiarizados ao mundo da composição, esta exclamação soa «óbvia». No mundo dos “mélomane” “perder a ponte” musicalmente (A “ponte”, que muitas vezes é repetida e que “liga” dois trechos de uma canção.... pode-se perde-la até por falta de atenção… )é uma coisa que se pode fácilmente entender!

Mas não neste caso com Madonna

Se voces bem repararem (Nossa, que “Tertúlia” mais fofoqueira… parece-se até aos “Mexericos do Ricardo”) vão poder notar que, no final da apresentação, já recebendo os aplausos, Madonna coloca a mão, que está segurando o microfone, na frente da boca, cospe alguma coisa nela e joga este algo no chão (na realidade joga "este algo" no público).

Madonna simplesmente perdeu a ponte…

...dentária…

Mesmo assim, o "Glamour" desta cena é uma delícia! Eu gosto e disse:
Todos que me conhecem, ou que conhecem « As Tertúlias », sabem que tenho um "certo fraco" para um pouco de «Glamour» - até quando este beira uma certa vulgaridade.



P.S. Madonna cantou esta semana em Viena… e perdeu o resto da pouca simpatia que tinha aqui… começou o Show com quase 1 hora e meia de atraso, fez “Playback” na maioria das músicas, ofendeu o público perguntando se sabiam falar ingles e sumiu do palco, sem se despedir, depois de só sessenta e poucos minutos… Fico feliz que o auditório estava cheio só a 50% porcento de sua capacidade… faltaram mais de 40 Mil expectadores apesar de terem tentado vender os tickets no e.bay até por € 1,- ! "Só" 40 mil optaram por perder seu tempo... Mesmo assim, um absurdo!
Em Paris e Varsóvia a coisa foi mais grave... Paris: por entradas a base de € 270... e nem 60 minutos de Madonna com música ao vivo... Varsóvia: um desrespeito fazer um show no dia de "luto" pelos milhares de poloneses que foram assassinados pelo regime Nazista durante a guerra... Que Faux-pas...